DEUS AMA?

Essa semana, durante uma aula de AT, deparei-me com a questão do arrependimento de Deus em ter feito o homem (Gn 6.6): como Deus pode se arrepender se em Números 23.19 diz que ele não se arrepende? Na tentativa limitadíssima de explicar as ações do Senhor (no que, confesso, me pareço mais com os amigos de Jó), topei com o termo antropopatia: a atribuição do pathos do anthropos a Deus para justificar as suas ações, ou seja, para falarmos da divindade precisamos adequá-la (descê-la) ao nosso pobre discurso humano.
Durante a aula, minha cabeça ficou meditando o seguinte: se atribuímos sentimentos humanos a Deus para tentar entendê-lo, isso não se limita ao arrependimento, mas a todo tipo de sentimento, inclusive o amor. Se não é correto utilizar o termo “arrependimento” para falar das “mudanças de atitudes” (engasguei aqui) de Deus, seria correto utilizar o termo “amor”? Eu nem sei se amo da mesma forma que outro ser humano ama, como saber como Deus ama? Se é antropopatia atribuir sentimentos humanos a Deus, como o arrependimento, também o é o amor.
Tenho que me conformar com minha insignificância, ignorância e incompetência em teologia e saber que teologia não é e nunca foi discurso a respeito de Deus e sim tentativa humana de entender o Divino. Não sei quase nada a respeito do amor de Deus, porque, por mais que saiba, é kenósis discursiva. Da única coisa que tenho certeza, e acho que isso basta, é que por causa desse “amor” ele enviou o seu filho para morrer em meu lugar.

Postagens mais visitadas deste blog

Os Jacobinas

Eu te vi, eu sempre te vi